Eu não tenho o coração perfeito. Nem aspirador emocional 2.0, nem incenso premium para purificar traumas alheios com aroma a lavanda mística. Tenho é coração limpo, e isso não significa santidade. Significa apenas uma coisa: não aceito lixo emocional como decoração.
E aqui entra o drama das relações, das amizades, da vida social, da família, dos empregos e de todos os “bons dias” com energia de quinta-feira tóxica: há pessoas que aparecem na tua vida não para partilhar, mas para despejar.
Não conversam — descarregam.
Não pedem ajuda — subentendem que tu tens de aguentar.
Não agradecem — só aliviam necessidades e seguem.
E durante anos fomos ensinadas a chamar a isso “ser altruísta”, “ter bom coração”, “empatizar”.
Não, amor. Chama-se ser esponja humana.
E uma esponja, quando absorve demasiado, fica a cheirar a podre.
Como já partilhei contigo, tenho um defeito (ou qualidade, depende da sanidade mental do dia): ver sempre o lado bom das pessoas.
Durante anos achei que isso era virtude, quase um dom espiritual, um carimbo de “boa pessoa”. Até que a vida, muito educadamente, me deu um estalo de realidade: ver o lado bom de toda a gente não me torna iluminada… às vezes só me torna alvo. E cansada. Exausta.
Porque a verdade é esta: há pessoas que não trazem luz — trazem lixo emocional.
E nós, na ingenuidade do coração, fazemos o quê? Abrimos a porta, oferecemos chá, tiramos os sapatos, acendemos velas e ainda lhes guardamos o casaco da frustração pendurado dentro de nós.
🧽 Há quem limpe a casa e esqueça a alma
É curioso: há pessoas impecáveis por fora, casa cheira a lavanda, carro aspirado, unhas perfeitas, mas por dentro, vivem com mágoas acumuladas como quem junta sacos de lixo “para depois levar”.
Guardam ressentimentos “porque um dia vão ver”.
Guardam relações e trabalhos tóxicos “porque não é assim tão mau”.
Guardam desculpas que nunca receberam “porque alguém tem de ser o adulto maduro".
Resultado?
A alma ganha cheiro a azedo. E começa a vazar nos ombros, no peito, nas insónias, na ansiedade, em cansaços que não têm explicação médica.
🧤 Higiene emocional não é opcional
Não é luxo, não é terapia gourmet, não é incenso premium tamanho XXL.
É básico: devolver o que não é teu; não carregar culpas de quem nunca pediu desculpa; não fazer limpeza emocional de gente adulta que nunca lava o próprio prato e, não colecionar magoazinhas como cromos da Panini.
É simples: Quem suja — limpa.
Quem estraga — repara.
Quem pesa — sai.
Sim, existe higiene emocional.
Só não vem em frasco, nem em supermercado. E não dá para comprar a promoção “3 traumas por 2 curas”.
Higiene emocional é simples e profundamente inconveniente:
✓ tomar banho nas nossas verdades
✓ escovar os limites antes de falar
✓ lavar o excesso de empatia que damos a quem não sabe receber
✓ esfoliar as culpas que não são nossas
✓ hidratar a autoestima antes de hidratar o cabelo
e, principalmente, não perfumar relações que já cheiram mal.
É curioso: ficamos chocadas com quem sai à rua sem desodorizante, mas convivemos com gente que não lava o caráter há décadas. E ainda tentamos “cheirá-lo com compreensão”.
Acorda, mulher real: empatia sem filtro dá alergia.
E amor sem higiene emocional vira intoxicação afetiva.
🥺 “E se a pessoa não muda?”
Então tu mudas de lugar, não de alma.
Porque coração não é aterro sanitário.
Alma não é reciclagem de traumas alheios.
E tu não és caixote de ninguém.
Estás a aprender a distinguir: há pessoas para amar, e há pessoas para devolver ao Universo com etiqueta de devolução “não serve ao meu tamanho emocional”.
🥀 Quando começas a curar…
Tudo aquilo que antes encaixava perfeitamente começa a parecer exagero.
O que era rotina, torna-se tóxico.
O que antes chamavas de “normal” revela-se excesso.
É como um palato que se desabituou do açúcar: Depois de te limpares por dentro, aquilo que antes sabias “aceitável”… agora enjoa.
Porque a verdadeira cura começa quando deixas de confundir excesso com amor.
Bárbara Pereira ✍️
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