🐾✨O Processo Iniciático… e o Chico

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 13:50

Nos últimos meses tenho passado por aquilo que, espiritualmente falando, se chama processo iniciático. O nome assusta, mas é basicamente isto: apanhar tudo o que dói, o que pesa, o que bloqueia, o que ficou escondido nos cantos da alma… e finalmente arrumar, tratar e curar.

É a limpeza geral do coração, versão “urgência emocional”: tirar teias, soltar karmas, mandar embora memórias que já deviam ter ido com o lixo de 1990.

É profundo.

É bonito.

É cansativo.

E sim… transforma tudo.

 

Inclusive o meu gato, o meu Chico.

Porque, aparentemente, nesta casa ninguém quis ficar de fora da cura. E quando digo que estou num processo iniciático, não estou a falar daquela versão fofinha que vemos nas redes sociais, luzinhas, chakras alinhados e uma selfie com ar de “estou tão zen que até irrito”.

O meu processo iniciático foi daqueles brutos, inegociável, de virar a vida do avesso e deixar cair tudo o que já era velho… até aquilo que parecia “bom”.

 

Porque, sim, tomei uma daquelas decisões que metade do mundo acha irresponsabilidade e a outra metade chama coragem (eu chamo-lhe terça-feira normal): deixar um emprego estável, um ordenado confortável, um cargo de chefia e toda uma vida previsível e encaixada perfeitamente na rotina… para seguir aquilo que o meu coração andava a gritar há anos.

Não deixei estabilidade, deixei sufoco.

Não deixei segurança, deixei sobrevivência. Não deixei um emprego, deixei um deserto onde a minha alma não crescia mais.

E quando finalmente escolhi o meu propósito, percebi uma coisa simples e ridiculamente óbvia: o verdadeiro perigo não era mudar, era ficar onde eu já não cabia.

Se isto não é um processo iniciático, então o universo anda a brincar comigo. 😏🔥🌻

 

O meu Chico — o Chico — não é um gato.

É um gatão. Um exemplar robusto, majestoso, com aquele ar de quem sabe que domina o sofá, o território e a minha vida emocional. Se a realeza tivesse um felino, seria igual ao meu.

Só que, nos últimos tempos, notei que ele estava a emagrecer. E eu, obviamente, entrei em pânico, porque respeito o drama tanto quanto respeito a lucidez.

Mas não, está tudo bem.

Fomos ao veterinário: está saudável, feliz, velho com charme, simplesmente a comer menos — coisa normal quando já se viveu (e comeu) muito e se sabe discernir entre comida e gula existencial.

 

Só que enquanto eu o via a perder peso… veio-me um estalo de consciência:

Espera aí. Se eu estou num processo iniciático… e isto está tão forte, tão profundo, tão energético… será que arrastei o gato comigo?”

 

Porque, convenhamos: Se há casa espiritualizada, é a minha. E se há gato sensitivo, é o Chico.

Ele esteve comigo no burnout, nos choros silenciosos, no colo das feridas da infância que regressaram, nas noites longas a escrever, nas dúvidas e medo do desconhecido, nos dias em que o mundo pesava, e nas manhãs em que eu ainda não sabia quem era — mas ele sabia.

Ariel idem, versão anjo da guarda.

Então, sim, eu cheguei à seguinte conclusão: nesta casa, fizemos todos o processo iniciático. Eu curei-me por dentro… e o Chico fez detox emocional por osmose.

 

E queres saber? Eu acho isto lindo.

Porque família é isso: quando um cura, todos respiram melhor. Quando um cresce, todos se alinham. Quando um renasce… ninguém fica para trás.

Se calhar o Chico não emagreceu. Se calhar só ficou mais leve. Talvez pela primeira vez em muito tempo… todos nós estamos mais leves.

E isso, é amor… é a cura a funcionar.

E bom… processo iniciático ou não, a única verdade absoluta aqui é esta: o meu Chico está ótimo. Sim, emagreceu, mas continua com aquele ar de quem governa a casa e me tolera como súbdita dedicada.

Fomos ao veterinário — como qualquer mãe de gato que entra em pânico por 100 gramas a menos — e saímos de lá com uns bons euros a menos, porque aparentemente a ascensão espiritual não inclui desconto no balcão. Trouxemos uma ração XPTO, com nome que mais parece título de vinho verde de reserva, e ainda uma “ração especial para gatos seniores”, também conhecida como: comida premium para criaturas que já viram mais da vida do que eu em três encarnações.

Ou seja, sim, estou num processo iniciático.

Sim, curei emoções de 1990 à atualidade.

Mas também: sim, estou a investir em alimentação de luxo para o príncipe-mestre-guru felino desta casa.

Nos últimos meses não fui só eu que mudei. A energia da casa inteira mudou comigo. Quando uma mulher cura o coração, a casa respira. O ar muda.

Os ciclos renovam-se. Até os gatos alinham o chakra da barriga.

E talvez o Chico não tenha perdido peso: talvez só tenha libertado o que já não precisava, tal como eu.

 

Porque nesta casa, ninguém cura sozinho.

Somos família.

Somos energia.

Somos amor em quatro patas e duas pernas.

E sim… ficámos todos mais leves. 

 

Porque aqui é assim: cura espiritual para mim, ração de elite para o Chico, e caos controlado para todos. 😏🐾💛

 

Bárbara Pereira ✍️ 

 

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