🌍✨A Mulher Que Vive Noutro Mundo

Publicado em 12 de novembro de 2025 às 10:58

Um dia, alguém disse: “Tu não vives neste mundo, vives num mundo à parte.” Não soou propriamente como elogio. Foi mais aquele tipo de frase entre a preocupação e o julgamento, com uma pitada de “mas quem raio tu és?”.

Na altura, senti-me meio estranha, como se tivesse sido apanhada em flagrante a sonhar de olhos abertos. Hoje, só posso confirmar: têm razão. Eu não vivo neste mundo.

O mundo onde eu vivo é outro.
É o lugar onde o sarcasmo é língua oficial e a empatia é religião. Onde as pessoas dizem “estás bem?” e realmente esperam pela resposta. Onde a gentileza é moda que nunca sai de estação e o amor-próprio não é tratado como egocentrismo.

No meu mundo, a verdade não dói, liberta.
O silêncio cura, o riso é remédio, e o choro é bem-vindo, sem legenda nem filtro. As pessoas olham nos olhos, dizem o que sentem e não têm medo de parecer vulneráveis. As relações são recíprocas, os abraços não se movem pelo tempo e a pressa e o desgaste não são sinal de sucesso.

E sim, ainda há cafés longos, conversas sinceras e gatos com sabedoria ancestral. ☕🐾

No meu mundo, a espiritualidade não é pose, é presença. A fé não se impõe, partilha-se. A dor não é tabu, é passagem.
E a força não vem de vencer, mas de continuar a tentar sem desistir.

Claro que, às vezes, o mundo real bate à porta. E eu abro, com cevada numa mão e sarcasmo na outra. Sorrio, respiro e penso: “ok, vou descer à Terra um bocadinho, mas só até às 18h.” 😏

Às vezes perguntam-me se não tenho medo de viver “nesse meu mundo”.
Medo? Tenho é medo do outro — desse mundo onde as pessoas fingem estar bem, onde se mede o valor pela pressa, e se confunde silêncio com fraqueza. No meu, há espaço para respirar, tropeçar, chorar feio e rir alto. E se isso é viver num mundo à parte, então ainda bem.

Prefiro ser exilada da normalidade a cidadã da hipocrisia. 🌻😏

O mundo, supostamente imaginário, onde eu vivo não é perfeito, mas é bonito.Porque nele, a imperfeição é bem-vinda, a alma é prioridade e o amor é verbo ativo. E sim, talvez pareça um delírio coletivo, mas é neste mundo que eu acredito, um mundo que não existe em mapas, mas existe em mim e nos corações corajosos.🌻

Talvez eu viva noutro mundo, mas, sinceramente, este já estava a precisar, urgentemente, de um upgrade.

Eu sei que quem me disse isso quis ofender, quis reduzir o que não entende e talvez, classificar o que não cabe no seu entendimento.

Mas o que essa pessoa não percebeu é que me deu um elogio disfarçado de crítica.
Porque sim, eu vivo noutro mundo. E ainda bem.

Descobri que é incrível viver neste mundo dentro de mim — um mundo onde ainda acredito nas pessoas, mesmo depois de ver o pior delas.

Um mundo onde a sensibilidade não é fraqueza e a esperança não é ingenuidade.
Talvez o mundo que eu criei dentro do coração seja menos real para os outros,
mas é o único onde vale a pena morar.

E se ser diferente incomoda, paciência, a realidade deles é que anda a precisar de um bocadinho mais de imaginação. 🌻✨

💛

Nunca duvidem do mundo bonito que existe dentro do vosso coração. Porque é nesse mundo que nos recolhemos quando o real se torna demasiado cruel. É lá que encontramos abrigo quando os sonhos se desmancham num piscar de olhos e quando as pessoas se tornam demasiado duras para conseguirmos encaixar.

Esse mundo de dentro não é esquizofrenia, não é patologia, não é ingenuidade. É resistência. É fé disfarçada de imaginação.
É a coragem de continuar a acreditar num mundo melhor — mesmo que, por agora, ele só exista dentro de nós. 🌻

O mundo pode ser cruel — mas o coração ainda é o melhor país para viver. 💛

E acho até um bocado hipócrita, para ser sincera. Quando somos crianças, ou pelo menos, algumas de nós, porque nem todas tivemos o privilégio de sonhar, o mundo aplaude.

Aplaudem quando inventamos histórias, quando criamos mundos imaginários, quando falamos com o invisível com a maior naturalidade do mundo.

Gravam vídeos, riem, dizem “olha que linda, tão criativa, tão sonhadora!”. Mas basta crescer, e de repente o encanto vira diagnóstico. A imaginação passa a ser fuga. A fé no invisível é vista como ingenuidade. E acreditar num mundo melhor torna-se um sinal de imaturidade.

É curioso — quando és criança, celebram a tua alma livre; quando és adulta, dizem que devias “assentar os pés na terra”. Mas o problema nunca foi sonhar — foi o mundo ter esquecido como se faz. 🌙

Chamam de loucura o que, em criança, chamavam de talento. E é por isso que eu continuo a sonhar. 

 

 

Outro dia alguém teve a gentileza de me lembrar:

Já vais fazer 41 anos, devias estar mais na realidade.”

 

Sorri, respirei fundo e pensei, olha que bela forma de começar uma conversa existencial sem consentimento.

Mas respondi com classe:

Estou precisamente a amadurecer. Só que, no meu caso, o processo vem com glitter e consciência expandida.”

 

Porque crescer não é deixar de sonhar, é sonhar com mais consciência e menos vergonha.

Bárbara Pereira ✍️

 

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