Nunca fui muito dada a seguir manuais de espiritualidade. Não sei o dia exato da lua cheia, e se calhar já meditei de pijama, com o gato a dormir em cima das minhas pernas e a airfyer a apitar na cozinha.
Nunca consegui decorar o nome dos chakras todos, nem alinhar cristais na ordem e cor certa. A minha espiritualidade é mais caótica do que cósmica — um bocadinho menos “guru” e mais “gatos e café”. ☕🐾
Cresci num colégio de freiras, dez anos de regras, hinos e “améns” bem ensaiados.
Sabia de cor o que podia, o que não podia, e o que Deus provavelmente desaprovaria se me visse a pensar. Era uma fé cheia de definições, genuflexões e culpa por existir com curiosidade.
Mas a minha verdadeira espiritualidade não nasceu entre crucifixos, regras impostas e confissões, nasceu quando comecei a fazer perguntas. Quando percebi que fé não é medo, é liberdade.
E que a fé, não vive em manuais: vive em quem tem coragem de ser verdadeiro.
A minha fé começou no dia em que deixei de tentar ser perfeita e passei a ser honesta. E se há algo que aprendi com o tempo, é que o amor divino não tem moldes — tem verdade. ✨
Há quem diga que é preciso ritual.
Eu acredito que é preciso sentir. E sentir, às vezes, é só fechar os olhos no meio do caos e dizer baixinho:
“Eu ainda acredito, mesmo sem perceber como.”
E é isso.
Não tenho altar em casa, mas tenho um coração que ora. E sinceramente, acho que Deus não se importa com o cenário, deve preferir gente real a gente perfeita.
A minha fé não precisa de velas acesas; precisa de verdade acesa. Porque aprendi que o divino não mora só nas igrejas, nas cartas ou nos mantras, mora nas conversas sinceras, nas quedas honestas, e na coragem de voltar a tentar.
Às vezes choro e é oração.
Às vezes rio e é milagre.
Às vezes falo com o universo entre o café e o caos do dia, e sinto que ele me responde, mesmo quando finge silêncio.
Porque há silêncios que são respostas disfarçadas de paz.
A Mulher Real já tentou ser mística de calendário e falhou. Já quis iluminar-se e acabou a fazer scroll no Instagram espiritual com culpa existencial.
Mas também aprendeu que o caminho não está na perfeição, está na entrega.
Na fé que sobrevive ao cansaço. Na força que nasce mesmo quando a alma pede pausa.
E sim, eu sei, há quem leve a espiritualidade tão a sério que parece um concurso de quem vibra mais alto. Pessoas que acordam às 5 da manhã para agradecer à existência e postar provas disso nos stories. Enquanto isso, eu estou a tentar agradecer por ainda ter café e meias limpas. ☕😏
A minha vibração nem sempre é alta; às vezes é só funcional. Não tenho um “guru interior”, tenho uma voz que me diz “respira e não grites com ninguém hoje”.
E talvez isso também conte como iluminação, versão humana, com olheiras e sarcasmo incluídos. ✨
Hoje, acredito num Deus com sentido de humor e Amor. Num universo que sabe o meu endereço mesmo quando eu mudo de rota. E numa espiritualidade que me quer inteira, não ideal.
Porque espiritualidade, para mim, é isto: não é saber os passos certos, é ter coragem de dançar mesmo quando não há música. E rir quando tropeço, porque talvez seja mesmo esse riso o som da alma em movimento. 🌻
✨ Não procures a tua luz nos rituais.
Procura-a nas tuas verdades. Na coerência de ser realmente aquilo que dizes ser.
E para ser sincera, a minha espiritualidade é tipo eu: tem dias iluminados e outros em modo “deixa-me em paz, universo”.
Já fiz pedidos ao cosmos com uma vela na mão e mil dúvidas na cabeça.
Já agradeci a sinais que provavelmente eram coincidência, e também já ignorei milagres porque estava cansada demais para perceber.
Não sou mística de catálogo, nem santa de manual. Sou mais o género que conversa com o universo enquanto estende a roupa, e que manda mensagens telepáticas para os anjos com o mesmo tom com que fala com os gatos. 😏🐾
Há dias em que acredito em reencarnação; noutros, só acredito em café. ☕
Mas uma coisa sei: a minha fé é viva, mesmo quando está de mau humor. Porque o meu divino tem sarcasmo, o meu coração tem Wi-Fi cósmico intermitente, e o meu modo de acreditar é tão real quanto eu, imperfeito, confuso, mas cheio de alma. 💫
E no fim de tudo, se o universo me ouvir, que me aceite assim: meio caótica, meio cósmica, com o gato a ronronar no colo e o coração em modo oração.
Que me perdoe por não saber os nomes dos chakras, mas saiba que reconheço a energia boa quando a sinto.
Que me entenda quando duvido, quando peço sinais e depois finjo que não os vejo.
E que me abrace, mesmo quando chego atrasada à minha própria paz. 💛
E se tropeçares no caminho, ri — é o universo a lembrar-te que ainda estás viva. 🌻
E claro, só para terminar:
Já consigo imaginar a assembleia dos iluminados prontos a avaliar a minha forma de ter fé, com incenso numa mão e superioridade na outra.
Vão dizer que não vibro alto o suficiente, que devia meditar virada para o norte e agradecer de voz doce enquanto o universo me observa.
Pois bem… a minha fé não é de palco nem de pose.
É de bastidores, com cabelo preso, olheiras e um café na mão. ☕😏
Não me quer suspensa em mantras, quer-me inteira, com ironia e tudo.
E se às vezes uso sarcasmo, é porque descobri que o riso também tem poder curativo (e poupa em terapia).
A minha fé é teimosa, humana, tropeça, mas levanta-se com dignidade e um ligeiro sarcasmo no olhar.
E se isso incomoda, ótimo — é sinal de que a minha luz ainda ofusca quem só aprendeu a brilhar com filtro. ✨
No fundo, não é falta de fé.
É só que a minha acredita mais na verdade do que nas tendências espirituais.
Para os que se doem com tanta honestidade, não é falta de fé — é só excesso de lucidez com um toque de ironia. 😏🌻
Bárbara Pereira ✍️
Deixa a tua estrela e ajuda a iluminar este espaço.
Adicionar comentário
Comentários