Durante a minha vida conheci muita gente. Alguns vieram por amor, outros por acidente, e uns quantos por carma em atraso. A maior parte foram lições. Algumas suaves, outras do género “a vida não precisava de tanto realismo”.
Desde criança, percebi que as pessoas que mais deviam ter protegido o meu coração foram as primeiras a testá-lo. As que mais deviam ter ensinado amor, ensinaram silêncio. E as que deviam ter mostrado colo, mostraram ausência e negligência emocional.
Aprendi cedo a calar para não incomodar.
A sorrir para ser aceite.
A encolher-me para caber nas expectativas dos outros.
Mas um dia cansei. Cansei de me perder para agradar a quem nunca reparou no esforço.
A Mulher Real cresceu — e, com ela, cresceu a gratidão. Não aquela gratidão de manual espiritual, com incenso e citações fofas, mas a gratidão verdadeira: a que vem depois da tempestade, quando percebes que até a dor teve boa intenção.
Sim, conheci pessoas boas.
Algumas passaram de raspão e deixaram luz.
Outras ficaram o tempo suficiente para ensinar amor genuíno — aquele que não cobra, não pesa, não exige performance.
E há também aquelas que partiram, mas continuam a ser abraço em forma de lembrança.
As outras?
Também têm o seu lugar. Ficam guardadas na estante das lições, com a etiqueta:
“Obrigada pelo aviso. Não quero ser isto.”
Porque no fim, a Mulher Real entende:
há pessoas que são amor, e há pessoas que são espelho. E ambas são mestres, só que uma cura, e a outra alerta.
E depois há as pessoas que ficam.
As que aparecem no meio do caos, quando já tinhas decidido que não querias mais ninguém por perto. As que chegam sem aviso e dizem, com gestos simples, que a luz ainda existe — mesmo quando tu já tinhas fechado as janelas da alma.
São essas que seguram a tua mão quando o mundo parece estar a desabar, que não fogem quando és silêncio, que não te exigem sorrisos quando o peito pesa.
São as que ficam, não porque precisam de ti, mas porque reconhecem quem tu és.
Estão lá no riso e na dor, no café e na lágrima, no cansaço e na esperança.
E, por mais raro que pareça, existem.
E quando as encontramos, entendemos: o amor verdadeiro não faz barulho, faz presença. 💛
As pessoas certas não vêm para te apagar a dor — vêm para te lembrar que ela não é o teu fim. Não te prometem milagres, nem soluções instantâneas, mas sentam-se contigo na vulnerabilidade, sem te tentar consertar. Ficam ali, em silêncio, como quem diz: “Podes chorar, eu fico.”
E esse “fico” vale mais do que mil conselhos.
São aquelas presenças que não precisam de palavras para aliviar o peso, porque o simples facto de existirem já faz o mundo respirar um pouco melhor. Elas não negam a tua dor — seguram-na contigo, até que se torne mais leve.
E é aí que percebes: o amor real não é quem te salva, é quem te acompanha até te voltares a salvar sozinha. 💫
✨ Há dores que só passam quando alguém te lembra que não estás sozinha nelas.
✨ Há pessoas que não entram na tua vida, entram no teu silêncio e ficam.
Nem toda a gente vem para ficar. Mas toda a gente vem para ensinar. 💛
Bárbara Pereira ✍️
Deixa a tua estrela e ajuda a iluminar este espaço.
Adicionar comentário
Comentários