💫 A Mulher Real e as Pessoas que Ficam (e as que Ensinaram a Ir)

Publicado em 8 de novembro de 2025 às 18:08

Durante a minha vida conheci muita gente. Alguns vieram por amor, outros por acidente, e uns quantos por carma em atraso. A maior parte foram lições. Algumas suaves, outras do género “a vida não precisava de tanto realismo”.

Desde criança, percebi que as pessoas que mais deviam ter protegido o meu coração foram as primeiras a testá-lo. As que mais deviam ter ensinado amor, ensinaram silêncio. E as que deviam ter mostrado colo, mostraram ausência e negligência emocional.

 

Aprendi cedo a calar para não incomodar.

A sorrir para ser aceite.

A encolher-me para caber nas expectativas dos outros.

Mas um dia cansei. Cansei de me perder para agradar a quem nunca reparou no esforço.

 

A Mulher Real cresceu — e, com ela, cresceu a gratidão. Não aquela gratidão de manual espiritual, com incenso e citações fofas, mas a gratidão verdadeira: a que vem depois da tempestade, quando percebes que até a dor teve boa intenção.

 

Sim, conheci pessoas boas.

Algumas passaram de raspão e deixaram luz.

Outras ficaram o tempo suficiente para ensinar amor genuíno — aquele que não cobra, não pesa, não exige performance.

E há também aquelas que partiram, mas continuam a ser abraço em forma de lembrança.

As outras?

Também têm o seu lugar. Ficam guardadas na estante das lições, com a etiqueta:

Obrigada pelo aviso. Não quero ser isto.”

 

Porque no fim, a Mulher Real entende:

há pessoas que são amor, e há pessoas que são espelho. E ambas são mestres, só que uma cura, e a outra alerta.

 

E depois há as pessoas que ficam.

As que aparecem no meio do caos, quando já tinhas decidido que não querias mais ninguém por perto. As que chegam sem aviso e dizem, com gestos simples, que a luz ainda existe — mesmo quando tu já tinhas fechado as janelas da alma.

 

São essas que seguram a tua mão quando o mundo parece estar a desabar, que não fogem quando és silêncio, que não te exigem sorrisos quando o peito pesa.

 

São as que ficam, não porque precisam de ti, mas porque reconhecem quem tu és.

Estão lá no riso e na dor, no café e na lágrima, no cansaço e na esperança.

 

E, por mais raro que pareça, existem.

E quando as encontramos, entendemos: o amor verdadeiro não faz barulho, faz presença. 💛

 

As pessoas certas não vêm para te apagar a dor — vêm para te lembrar que ela não é o teu fim. Não te prometem milagres, nem soluções instantâneas, mas sentam-se contigo na vulnerabilidade, sem te tentar consertar. Ficam ali, em silêncio, como quem diz: “Podes chorar, eu fico.”

E esse “fico” vale mais do que mil conselhos.

 

São aquelas presenças que não precisam de palavras para aliviar o peso, porque o simples facto de existirem já faz o mundo respirar um pouco melhor. Elas não negam a tua dor — seguram-na contigo, até que se torne mais leve.

E é aí que percebes: o amor real não é quem te salva, é quem te acompanha até te voltares a salvar sozinha. 💫

 

✨ Há dores que só passam quando alguém te lembra que não estás sozinha nelas.

 

✨ Há pessoas que não entram na tua vida, entram no teu silêncio e ficam.

Nem toda a gente vem para ficar. Mas toda a gente vem para ensinar. 💛

 

Bárbara Pereira ✍️

 

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