👂 A Mulher Real e o “Ouvimos e Não Julgamos”

Publicado em 7 de novembro de 2025 às 16:37

Vocês conhecem aquela trend que viralizou, do “Ouvimos e não julgamos”? Pois bem, o quê? Não conhecem? Eu sei, eu sei, estou sempre a dar sinais contrários: digo para não se perderem nas redes sociais… e depois lá vou eu fazer uma trend. Mas bem-vindas à minha confusão mental, espiritual, emocional e existencial. É assim todos os dias — um caos iluminado com Wi-Fi e boas intenções. 😏

 

Adiante, decidi então, fazer esta versão da trendOuvimos e não julgamos”… mas em formato escrito. Porque, sejamos honestas, visualmente eu não sou muito apelativa em vídeo. Nem em foto. Na verdade, na vida real também não, mas nessas circunstâncias é pior.

Então, em vez de dar expressão facial, dou palavras. É mais seguro — e muito mais conveniente. 😏

Voltando ao tema: ouvimos e não julgamos. Mentira. Julgamos, sim.

A diferença é que a Mulher Real não faz escândalo — faz análise. 

Não comenta — arquiva mentalmente e tira conclusões com humor. Porque se há coisa que a vida me ensinou é que quem diz “não julgo” já está a julgar, só não quer parecer má pessoa.

 

E eu ouço. Sempre.

Com chá na mão e a sobrancelha ligeiramente arqueada.

Porque é fácil dizer “ouvimos e não julgamos”, até percebermos que a vida dos outros é o espelho que reflete o que ainda não resolvemos em nós.

 

A Mulher Real ouve tudo.

Ouvimos e não julgamos…

– Quando dizes que bloqueaste o ex, mas verificas o último visto todos os dias, de três em três horas, como quem mede a febre.

– Quando afirmas que “não precisas de terapia”, mas já fizeste três perfis falsos para espreitar quem te magoou ou aquela pessoa que admiras em segredo.

 

– Quando dizes “estou focada em mim”, e por “mim” queres dizer “na conversa arquivada do WhatsApp.”

– Quando reclamas que não há homens interessantes… mas o teu histórico amoroso parece um estudo de caso da psicologia do trauma.

 

– Quando dizes que “és muito intuitiva”, mas a tua intuição tem um fraco por red flags.

– Quando afirmas que estás a praticar o desapego, e publicas indiretas espirituais em modo público.

 

– Quando dizes “agora estou numa fase leve”, mas já fizeste três desabafos passivo-agressivos no Facebook hoje.

– Quando juras que “desta vez vai ser diferente”… e é. Agora dói de outro jeito.

 

E, claro: ouvimos e não julgamos

quando alguém diz “não quero nada sério”, e uma semana depois está a discutir o nome dos filhos com outra.

Ouvimos e não julgamos…

– Quando dizes que “já superaste” mas ainda lês horóscopos a ver se ele aparece na previsão da semana.

– Quando dizes “não é ciúmes, é intuição”, mas a tua intuição tem GPS e demasiado tempo livre.

 

– Quando juras que és desapegada, mas não consegues apagar o chat porque “tem frases bonitas”.

– Quando dizes que não te importas, mas ficas online só para ver se ele repara que estás online.

– Quando dizes “já não me afeta”, e depois escreves um texto sobre o assunto… com nomes fictícios, claro.

 

– Quando dizes que estás “em paz”, e a tua paz depende do que o outro publicou nos stories.

– Quando dizes que “o universo há de resolver”, mas fazes refresh à conversa como se o cosmos tivesse Wi-Fi.

 

– Quando dizes que “foi o destino”, mas foste tu que reabriste o chat às 23h48 com um “olá sumido".

– Quando dizes “nunca mais”, mas tens memória seletiva e vontade permanente.

– Quando afirmas que “não é o momento certo”, mas no fundo querias era que fosse.

 

– Quando dizes “eu não preciso provar nada a ninguém”, e depois provas — em 1080x1350, com citação inspiradora no topo.

– Quando dizes “estou focada na carreira”, mas choras no carro a caminho dela.

– Quando dizes “não tenho tempo para dramas”, mas o teu cérebro faz fanfics emocionais durante o banho.

 

– Quando juras que és fria, mas ainda te arrependes de não ter mandado mensagem de “bom dia”.

 

Calma, há mais...

 

- Quando dizes que “estás numa fase calma”, mas na verdade só estás tão cansada que já nem tens energia para discutir.

 

– Quando dizes “preciso de tempo para mim”, e passas esse tempo inteiro a preocupar-te com os outros.

– Quando juras que “estás a ouvir a tua intuição”, e a tua intuição tem o mesmo tom de voz que o teu trauma.

 

– Quando dizes “amanhã começo”, e o amanhã vem com croissants e zero vontade.

– Quando afirmas “não me vou irritar”, e 10 minutos depois já estás a dar palestras à tua plateia invisível.

 

– Quando dizes que “és forte”, mas às vezes choras no banho porque é o único sítio com boa acústica.

 

– Quando dizes “não preciso de parar”, mas o teu corpo já fala fluentemente em burnout.

 

– Quando afirmas “está tudo bem”, e a tua voz treme mais do que o sinal do Wi-Fi.

– Quando dizes que “não te importas”, mas o teu estômago dá voltas de ópera.

– Quando juras que “aprendeste a deixar ir”, e ficas à espera que o universo te devolva por engano.

 

– Quando dizes “agora é de vez, não volto mais.” E voltas. Porque o coração ainda acredita em trailers românticos mesmo depois de ver o final do filme.

 

– Quando afirmas “foi só uma recaída”, mas já estás a planear o brunch de domingo e o nome do próximo gato em conjunto.

– Quando dizes “ele mudou”, mas o único que mudou foi o wallpaper do telemóvel.

 

– Quando dizes “estou a seguir o meu coração”, e o teu coração tem o sentido de orientação de um GPS bêbado.

 

– Quando afirmas “já não sinto nada”, mas mudas a foto de perfil das redes sociais de 5 em 5 minutos. 

 

– Quando dizes “foi o universo que nos juntou outra vez”, e o universo está claramente a tentar ensinar-te geometria emocional — com círculos viciosos incluídos.

– Quando juras que “agora é diferente”, mas já reconheces o texto, o tom e o desfecho. Spoiler: o final continua igual, só o figurino é novo.

 

– E quando dizes “desta vez aprendi”, mas no fundo sabes que o próximo capítulo começa com “olá, estranho.”

 

Mas tudo bem, a Mulher Real entende.

Já fez o mesmo — e ainda teve a coragem de chamar a isso “processo de evolução espiritual.” 😏

 

E é por isso que ouvimos e não julgamos,

porque, sejamos sinceras, todas temos um lado espiritual e outro totalmente descompensado — e ambos fazem parte da cura.

 

A Mulher Real aprendeu que a ironia é o riso da alma cansada, e que rir de nós mesmas é o primeiro passo para não repetir o erro… pelo menos não da mesma maneira.

 

Porque a verdade é esta — ouvimos e não julgamos porque já fomos todas elas.

Porque sabemos que já estivemos lá. Já fomos a pessoa do erro, do exagero, da esperança mal colocada.

A romântica, a racional, a espiritual, a descontrolada e a zen só de manhã.

E é por isso que a Mulher Real não aponta o dedo: apenas levanta a sobrancelha e pensa “vai, amor… aprende o que eu também precisei de aprender.”

 

Afinal, não somos santas.

Somos humanas com humor — o que é quase a mesma coisa, mas mais divertido.

 

Bárbara Pereira ✍️ 

 

 

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