Sabem aquela coisa de criar uma personagem para se esconder atrás dela? Pois. Eu tentei. Mas a Mulher Real não nasceu para fingir, nasceu para existir. Ela não é uma invenção. É uma extensão de mim.
É a mulher que escreve, que sente, que tropeça e ainda arranja tempo para fazer humor com a própria queda. É a que se cansou de levar tudo a sério, inclusive a dor, e decidiu transformar o colapso em comédia terapêutica.
A Mulher Real nasceu no momento em que casei a genialidade com o humor. E, convenhamos, esse é o casamento mais sólido que já tive. Vai durar muito mais do que a maioria dos casamentos com bolo e DJ, porque o sarcasmo é fiel, e a lucidez, eterna.
Ser Mulher Real não é sobre ser perfeita, é sobre saber rir das imperfeições com classe. É sobre olhar para o caos, dar-lhe um nome e transformá-lo em crónica.
É sobre fazer das dores um palco, mas sem drama, porque o texto fica melhor quando a ferida já tem punchline.
E não, a Mulher Real não é uma personagem.
Sou eu — sem disfarces, mas com legendas.
Sou eu a aprender que viver é uma sequência de enredos mal escritos e que o segredo está em reescrever cada capítulo com humor e coragem.
Porque se há uma moral nisto tudo, é esta: a vida fica muito mais interessante quando deixamos de ser figurantes no nosso próprio enredo.
E ser a protagonista dá trabalho, sim, mas vem com piadas incluídas. Eu não preciso procurar fora o que tenho de aprender cá dentro. E acredita, já procurei — nos livros, nas pessoas, nas quedas.
E foram muitas quedas.
Mas calma, não vou falar de drama hoje, prometo manter o humor. 😏
O que descobri é que, em todas as vezes em que caí de joelhos no chão, eu ainda trazia dentro de mim algo que nasceu comigo. E isso não foi por acaso.
Nasceu comigo este humor lúcido, emocionalmente inteligente, este dom — desculpem a presunção — de fazer piada sobre tudo, inclusive sobre mim.
Muita gente torce o nariz e diz: “Mas como é que tens coragem de fazer piada sobre a dor?”
Minhas queridas, a dor é só uma professora com métodos questionáveis.
Cada uma de nós aprende à sua maneira.
Há quem chore, há quem se lamente, há quem mergulhe no silêncio. E eu? Eu escrevo. Eu rio. Porque transformar a dor em leveza é a forma mais elegante de sobrevivência que conheço.
O humor, para mim, nunca foi distração, foi acolhimento.
Não é sobre negar o que dói, é sobre abraçar o que fomos, rir do que aprendemos e perceber que ficamos muito mais inteiras quando entendemos o propósito de cada queda.
E este texto é para todas as mulheres, as que se reconhecem na Mulher Real e as que ainda estão a aprender a reconhecer-se em si mesmas.
Talvez tenhamos mais força dentro de nós do que aquela que as lágrimas nos fazem acreditar. Talvez não seja só sobre o humor, mas sobre a leveza com que decidimos olhar para a vida.
Porque ser feliz não é viver sem drama, sem choro ou sem dor. Ser feliz é viver com harmonia — mesmo quando o mundo está desalinhado.
É compreender que a leveza é um direito, não um luxo. E que essa harmonia, essa paz, não depende de ninguém.
Depende de nós.
A Mulher Real não é uma invenção — é um parto da alma. E o renascimento mais bonito é aquele que acontece de dentro para fora. 🤍🌻
Bárbara Pereira ✍️
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