Há uns anos, alguém me chamou Drama Queen. Na altura, confesso, não percebi bem o que isso queria dizer, mas percebi pelo tom que não era exatamente um elogio.
Talvez eu fosse. Talvez eu dramatizasse um bocadinho… (ok, muito).
Talvez eu transformasse um “não me ligou” em argumento para um filme francês,
e um “está a chover” em tragédia grega com banda sonora.
Mas com o tempo, e umas boas quedas da vida, a coroa de Drama Queen foi-se partindo. Hoje em dia, estou mais para Rainha Zen (em esforço).
As coisas estão a correr mal?
Ok, vai dar certo.
Perdi algo importante?
Deve haver um motivo cósmico qualquer.
O plano B falhou?
Tudo bem, o alfabeto ainda tem 24 letras.
Não é apatia, é sabedoria adquirida a custo.
É perceber que o drama não resolve problemas, não alivia dores, e não faz com que as coisas aconteçam mais depressa, só faz com que fiquemos cansadas antes do tempo.
A Mulher Real sabe disso. Aprendeu que nem todo o sofrimento precisa de palco, nem toda a lágrima precisa de público, e que há dores que se curam melhor em silêncio, com sarcasmo e (muito) café.
Hoje, prefiro ser calma.
Não fria — calma.
Prefiro responder com um “vai passar” do que com um guião inteiro. Prefiro paz a plateia.
E se isso me faz menos intensa?
Talvez. Mas também me faz mais livre.
Um dia chamaram-me Drama Queen. Hoje, só faço drama se o universo me pagar cachet.👑☕
E, queridas, sejamos honestas: se vocês nunca foram chamadas de Drama Queen por alguém, estão a fazer alguma coisa muito errada.
Porque quem sente com alma, fala com verdade e vive com intensidade, inevitavelmente vai parecer “demais” para quem vive pela metade. O drama, no fundo, é só a emoção sem disfarce, e a Mulher Real não nasceu para o papel secundário.
Se essa pessoa me visse hoje, provavelmente ficaria confusa. Ia dizer qualquer coisa como: “Estás tão diferente… mais calma… mais madura…”
E eu, com o meu melhor ar iluminado, responderia: “Não é maturidade, meu anjo. É cansaço mesmo.”
Porque chega uma altura em que o drama perde a força, não porque deixámos de sentir, mas porque já não temos paciência para ensaiar o mesmo guião.
Aprendemos que há dias em que o maior ato de rebeldia é não reagir, só respirar e seguir.
Com o tempo, percebi que não era o drama que me definia, era a intensidade. E essa, eu nunca perdi. Só aprendi a usá-la para escrever, curar e compreender.
Transformei o exagero em arte, a dor em palavra e o caos em propósito. Hoje, quando a vida me testa, já não faço cena, faço texto.
E talvez essa seja a maior evolução da Drama Queen: deixou de pedir aplausos e passou a entregar sentido.
Um dia chamaram-me Drama Queen.
Noutro, chamaram-me Dramacleaner, porque aparentemente agora limpo o drama com toalhitas de maturidade.
E isto, fez-me recordar, de quando era pequena. O meu pai punha a mão na minha cabeça, dava umas palmadinhas leves e dizia: “Cabecinha pensadora.”
Na altura, eu não percebia se aquilo era elogio, diagnóstico precoce ou aviso do tipo “vai dar trabalho, esta.”
Hoje continuo sem saber, mas desconfio seriamente que era uma mistura dos três.
A verdade é que a cabecinha nunca parou.
Pensa, analisa, dramatiza e ainda arranja tempo para fazer terapia interna em voz alta. É uma mente multitarefas: cria cenários, resolve traumas e ainda escreve crónicas sobre o processo.
Se há um lado bom nisso? Claro.
Transforma o drama em conteúdo. E, convenhamos, nem Freud competia com tanto material inédito.
Porque, sejamos sinceras, mulher que é Mulher Real nunca perde o drama.
Só o evolui.
Já não faz escândalo — faz reflexão.
Já não grita — escreve.
Já não dramatiza — argumenta com emoção e boa gramática.
O drama continua cá, só ganhou propósito, vocabulário e sarcasmo. É o mesmo temperamento, mas agora com diploma e chá de camomila.
E se isto fosse um filme, o título seria:
“Dramacleaner – A Redenção da Cabecinha Pensadora” 😂☕✨
Sou incrível. Sou um fenómeno literário com Wi-Fi e ironia divina. Esta é para ti, Voz Sabotadora — ganhei. Toma. 💅⚡
🌻
Bárbara Pereira ✍️
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