Há terapias por aí que prometem alinhar o teu útero com o cosmos inteiro, pela módica quantia de 180€. Não importa se tu procuras cura da alma ou só precisavas de alguém que te escute com verdade, o importante é que a tua conta bancária sofra.
E o mais curioso? Quanto mais estranho o nome, mais as pessoas acreditam.
“Bênção do útero”, “cura da metamorfose”, “ativação quântica das pétalas cósmicas”…
É como se a cura fosse um menu gourmet, e a alma um cartão VISA.
Há quem chame “new age”.
Eu chamo-lhe: o parque de diversões da alma.
Quanto mais nomes estranhos e exóticos inventam, mais gente corre atrás.
E o pior? Resulta. Não na cura, mas nas carteiras de quem vende.
O que assusta não é a criatividade, é que as pessoas realmente se entregam mais à embalagem do que à essência.
E esquecem-se que cura de verdade é presença, verdade e ética.
Espiritualidade não é um show. Se precisa de palco, já perdeu a essência. Não é a espiritualidade que está moderna , é o marketing que se disfarça de cura.
Chamas “sessão de Reiki” → ninguém quer.
Chamas “bênção das pétalas de flores cósmicas do sétimo plano intergaláctico com alinhamento quântico” → esgota em 5 minutos.
“Portal cósmico das águas douradas”? 120€.
“Recalibração quântica da unha encravada”? Não sei o preço, mas aposto que também não é barato.
E claro: quanto mais caro, mais “poderoso”.
Se custa 180€, deve curar até dívidas do banco e ainda dar desconto no karma.
É este o truque do mercado espiritual moderno: vender unicórnios invisíveis embrulhados em papel celofane dourado.
E a pessoa compra - feliz da vida - porque é chique, porque dá para meter no Instagram, porque “fui abençoada por pétalas astrais”.
Enquanto isso, a simplicidade, a verdade, a ética, a energia real… passa despercebida.
Porque não tem nome chamativo, nem promessa cósmica de virar borboleta no banho.
Promete só o que assusta: trabalho interior, presença, escuta, confronto contigo própria.
Mas é como é, cada um escolhe a sua droga espiritual.
Uns compram pacotes de glitter energético, outros escolhem a realidade crua de olhar-se ao espelho.
Não digo isto como crítica ou julgamento (ainda que, confesso, às vezes faça uns julgamentos mentais rápidos quando vejo certas “modas espirituais modernas”).
O que quero é chamar a atenção:
✓ O que é que tu realmente precisas?
✓ O que é que é, de facto, cura?
✓ O que é que é, de verdade, energia?
✓ O que é que queres manter e trazer para a tua vida?
E a pergunta que fica é:
✓ Queres cura ou só espetáculo?
✓ Queres transformação ou show?
Não é preciso transformar a alma num catálogo de terapias com nomes pomposos.
Cura não é performance, nem título, nem marketing.
Cura é silêncio, é ética, é entrega.
E isso não vende tão bem porque não dá para embrulhar num laço cintilante ou místico.
Se este texto te tocou ou te feriu, respira fundo.
Talvez não seja sobre ofensa, mas sobre a lucidez que estavas a evitar.
A energia não precisa de mais nomes, precisa de mais verdade.
P.S. 1
Se um dia inventarem a terapia de “cura quântica da conta bancária negativa”, prometo que me inscrevo já.
P.S. 2
Próxima tendência? “Alinhamento energético da máquina de café”. Cura o humor de manhã e é infalível.
P.S. 3
No fundo, a espiritualidade moderna já me ensinou uma coisa: quanto mais absurdo o nome, mais certeira a gargalhada.
P.S. 4
Se alguém inventar a terapia de “desbloqueio quântico da paciência para aguentar certas modas espirituais”, avisa-me. Prometo que pago… mas só 5€.
P.S. 5
Não se preocupem, o próximo “pacote energético” que eu lançar vai chamar-se:
✨ “Sessão Premium de Verdade Crua & Escuta Autêntica” • edição limitada. Preço? Um pouco de coragem.
Bárbara Pereira ✨
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