
Perdemos muito da vida quando nos perdemos na vida. Sabem aquele momento em que queremos fazer tudo… e não fazemos nada? É a urgência de ter e a ausência de ser.
É quando a lista de tarefas parece uma bíblia e acabamos a ver reels de gatinhos (desses que estás a pensar, também 😁🔥) no Instagram.
É quando queremos mudar o mundo numa tarde de domingo, mas não conseguimos sequer mudar os lençóis.
É quando temos dez planos, mas a alma não cabe em nenhum.
Corremos para preencher agendas, acumulamos tarefas, planos, pessoas, coisas…
E acabamos atoladas em tanto “tudo” que nos perdemos de nós.
Chamam-lhe procrastinação, mas eu chamo-lhe saturação.
Não é preguiça, é corpo e alma a dizerem:
“Decide-te, mulher. Não dá para ser super-heroína e humana ao mesmo tempo.”
E por cima dessa saturação, ainda temos o brinde: a pressão da perfeição.
A mania de que tudo tem de ficar impecável, como se houvesse um júri cósmico a avaliar cada tentativa nossa.
Esqueçam isso. Nunca vai acontecer.
Porque perfeito não é o resultado final que cabe na fotografia.
Perfeito é a tentativa. É o agir mesmo sem garantias.
É o caminho que tropeça, mas avança.
É a coragem de fazer, mesmo quando não fica como o Pinterest mandava.
Na vida real, perfeito é:
✓ o jantar improvisado que não tem receita, mas alimenta.
✓ a maquilhagem que não tapa tudo, mas mostra que tentaste.
✓ a reunião onde engoliste um palavrão, mas ninguém se demitiu (pelo menos nesse dia).
✓ o ginásio que não foste, mas em compensação subiste as escadas com compras e sobreviveste.
✓ a roupa que não ficou passada a ferro, mas estava limpa.
✓ o bolo que abateu no forno, mas desapareceu todo no mesmo dia.
✓ o cabelo que não colaborou, mas ficou preso no rabo de cavalo da sobrevivência.
✓ a criança que foi à escola com meias trocadas, mas chegou feliz.
✓ a planta que não cresceu como no Pinterest, mas ainda respira (milagre!).
✓ a mensagem que não saiu perfeita, mas chegou no momento certo.
✓ a reunião em que falaste pouco, mas disseste o essencial.
✓ o jantar que foi massa com atum (de novo), mas encheu a barriga.
✓ a selfie que não tem filtro, mas tem gargalhada verdadeira.
✓ a roupa preta que disfarçou os quilos da ansiedade (bendita seja).
✓ a cama que não foi feita, mas recebeu-te de braços abertos no fim do dia.
✓ o salário que não dá para tudo, mas deu para as contas e uma garrafa de vinho.
✓ o WhatsApp respondido com um emoji, mas que evitou drama.
✓ o café frio, mas que ainda assim salvou a manhã.
✓ a lista de compras que esqueceste, mas voltaste só com o essencial (ou com chocolate e vinho bom).
✓ o eyeliner que saiu torto, mas tu disseste que era “winged à arte abstrata”. Ou seja: Um olho fica “Diva Beyoncé”. O outro fica “eyeliner gatinho torto”.
✓ o par de sapatos desconfortáveis, mas que só usaste sentada (ninguém percebeu).
✓ o almoço que foi sopa de pacote ou miojo, mas aqueceu a alma.
✓ o pijama que vestiste às 19h e chamaste de “look comfy chic”. Traduzindo para Mulher Real: é vestir o pijama e dizer que é “moda cozy” e declaras oficialmente como ‘estilo oficial da casa’.
Outros exemplos: É usar o fato de treino para ir às compras e chamar-lhe “casual urbano”. É basicamente transformar preguiça em tendência.
✓ o bolo de aniversário comprado no supermercado, mas com as velas certas.
✓ o treino que não fizeste, mas subiste escadas como se fosse crossfit.
✓ o batom borrado, mas que deixou marca no copo do vinho.
✓ o “só vou fechar os olhos cinco minutos” que virou sesta de duas horas.
✓ a foto tremida, mas que captou a gargalhada perfeita.
✓ a roupa que saiu do estendal enrugada, mas cheirava a sol.
✓ a reunião em mute, mas onde deste mais opiniões com o olhar do que se falasses.
✓ a chamada perdida, mas devolvida com um “estava a pensar em ti”.
✓ a camisola preferida não estar passada a ferro… mas tu usares outra qualquer, que afinal até te fica melhor, e ainda poupaste energia (da luz e da tua paciência).
A perfeição que vendem é inalcançável.
A perfeição da mulher real está no “já está bom assim”, no “pelo menos fiz”, na gargalhada depois da asneira.
Porque, no fundo, perdemos muito da vida quando nos perdemos na vida.
E ganhamos tudo quando percebemos que perfeito já é existir, tentar e recomeçar.
📌 Nota final: a vida nunca foi sobre ser perfeita. Sempre foi sobre ser real.
Bárbara Pereira 🤍🌻✨
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