Dói mas passa

Publicado em 21 de setembro de 2025 às 16:01

Faço as sobrancelhas à linha.
E cada sessão é também uma sessão de terapia: liberto lágrimas que estavam guardadas desde 2005 • e umas quantas más decisões também.



A esteticista, na sua voz doce e empática, diz-me (num misto de amor, compaixão e desespero)

- “Está quase, quase…”

Mas tanto eu como ela sabemos: a dor ainda ia continuar.

É como na vida: aparecem sempre os “quase”
• quase a passar, quase resolvido, quase feliz…
Mas a verdade é que enquanto é quase, ainda dói.

E o mais sarcástico da história?
Enquanto a linha arrancava pelos, eu ganhava rugas de expressão.
Ou seja: saí com sobrancelhas impecáveis e a testa a gritar “já vivi uma guerra”.
Resultado: menos pelo, mais idade estampada.

Mas é isto ser mulher real.
É sofrer calada na marquesa da esteticista, a pensar “nunca mais volto”… e marcar de novo no mês seguinte.
É rir da dor porque não temos outra escolha.
É sair dali a sentir que sobrevivemos a mais uma batalha • sobrancelhas definidas, alma depilada e dignidade por um fio.

Porque convenhamos: para chegar à tal “beleza” • seja a do espelho ou a da alma • há dores que ninguém nos poupa.
Do fio da linha na sobrancelha ao fio invisível da vida a puxar feridas antigas, sempre dói.

Mas é essa dor que abre espaço para o novo: o olhar mais leve, a pele que respira, o coração que aprende a sorrir outra vez.

Deixa a tua estrela e ajuda a iluminar este espaço.

Classificação: 5 estrelas
1 voto

Há dores que nos arrancam lágrimas, outras que nos arrancam pelos… no fim, todas nos lembram que viver é um fio esticado entre rir e chorar.

E juro: na hora penso sempre “Nunca mais volto.”
Ou então:
“Olha, deixa estar… a outra sobrancelha fica para a próxima semana.”
Mas volto sempre. Porque as dores passam, a beleza fica.

 

E tu?
Quantas vezes já disseste “nunca mais volto”… e, afinal, voltaste?
Àquela relação, ao hábito que te dói, ao silêncio que pesa, à promessa feita a ti mesmo(a).

Na vida, como na marquesa da esteticista, dizemos “nunca mais” com força.
Mas a verdade é que muitas vezes voltamos, porque ainda há algo a aprender, porque a dor se disfarça de rotina, porque acreditamos que desta vez vai ser diferente.

Conta-me:
Qual foi o teu “nunca mais” que acabou em “voltei outra vez”?

 

Adicionar comentário

Comentários

Ainda não há comentários.