Responsabilidade afetiva (e financeira 💸): até o Chico 🐾 já sabe

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 12:23

 A educação financeira dos meus filhos gatos (Sim, filhos. Felinos. Antes que revirem os olhos, respirem: são os únicos que não me desiludem e pagam o amor em ronrons.) Dizem que amor é dar o melhor de nós. Mas às vezes, o melhor é dar o que há — e ensinar que isso também é amor.

 

O Chico, o meu gato, aprendeu hoje o que é responsabilidade financeira.

Decidi ensinar aos meus gatos o conceito de responsabilidade financeira.
Sim, porque aqui em casa não há filhos de ração gourmet sem consciência do preço por quilo.


Durante meses, comeu da ração premium, gourmet, quase que com música ambiente.

Durante meses, comeram uma ração que até dava vontade de eu própria provar.


Mas agora, tempos de contenção.

A inflação bateu à porta e trouxe a sua prima, a contenção.

Fui à garagem buscar o saco antigo — aquele da fase “promoção de arrependimento” — e pronto: voltou a austeridade felina.

Peguei num saco de ração “menos boa” (mas ainda digna), e decidi que se comprou, come-se.

 

Três dias de protesto.
Miados de revolta.

Três dias de greve de fome felina depois, o senhor começa a comer.
Não porque gosta — mas porque percebeu que não há drama que o leve de volta à vida de luxo.

 

E eu, com o café na mão e a alma pragmática, respondi:

 “Meus filhos, vocês foram criados com responsabilidade afetiva, emocional e financeira.
A ração é esta. O amor é o mesmo.

 

E o que recebo? Olhares de “isto é negligência emocional, mãe”.

O Chico está ali a olhar para mim como quem diz:  “Mãe, isto é abuso espiritual.

 

E percebi: é isto.
Amar não é dar tudo sempre — é dar com consciência.
É saber dizer “não há mais” sem culpa, e ainda assim continuar a cuidar.

Na verdade, o Chico só me mostrou o que a vida anda a tentar ensinar-me há anos:
Que quem é amado com limites cresce seguro.
E que até as finanças têm coração — se forem vividas com alma.

 

Mas eu juro-te — há uma sabedoria felina no que estou a fazer.
Porque quem aprende a comer o que há, em vez de esperar o que sonha, descobre o valor real da abundância.

 

E sabem que mais? Estão vivos.
Comem, ronronam, dormem em cima do cobertor e continuam a achar que são deuses.
Ou seja: sobreviveram à crise existencial do croquete barato.

No fundo, foi uma metáfora da vida:
Nem sempre há banquete, mas há colo.
E quem tem colo, aprende a não confundir amor com abundância material.

 

E agora, se me permites, vou abrir o saco da ração “económica” — porque os meus gatos podem ser espirituais,
mas não são estúpidos: já ouviram o som do pacote e vieram a correr (para contestar claro, porque apreciar o croquete é um termo demasiado forte).

E parem de ter pena dele — a ração não é Gourmet, mas também não é do Lidl.

E sim, conheço-me — e, provavelmente vou acabar por comprar a ração boa outra vez.
Mas só depois de terem aprendido a lição.
Porque até o amor tem prazo pedagógico. 🐾💸

 

Eles estão a comer uma ração que não é assim tão má quanto isso (digo eu, pelo preço, porque não provei para confirmar o facto )
Só que não é tão boa como a anterior.
E eles são seres exigentes. Exímios críticos gastronômicos. 

Às vezes penso: será que a alma também se habitua ao luxo emocional?
Depois lembro-me — o amor simples também alimenta.
Desde que venha sem gritos, sem pressas e com o pratinho cheio.

E a verdade é esta:
quando provamos daquilo que realmente nos faz bem, é quase impossível voltar atrás.
Mesmo que a vida nos sirva outra ração, a alma continua a pedir o sabor do que era verdadeiro.

 

💬 Às vezes a vida é assim mesmo:
ensina-nos abundância através da escassez,
sabedoria através dos miados
e humor através da sobrevivência.

 

🌻✨ Bárbara Pereira 

 

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